Foi divulgado em maio os resultados da quarta edição da “Work Trend Index”, a pesquisa realizada pela Microsoft para entender quais tendências vão se sobressair no mercado de trabalho.

     Nessa edição, o estudo foi feito em parceria com o LinkedIn. Foram entrevistadas 31.000 pessoas em 31 países, e foram analisados: as tendências de trabalho e contratação do LinkedIn e trilhões de dados de produtividade do Microsoft 365. Além disso, algumas pesquisas foram realizadas com clientes da Fortune 500.

     Nesse artigo, você saberá quais foram os resultados do estudo, e as principais mudanças em relação ao Work Trend Index 2023.

     Relação pessoas x IA evoluiu

     No estudo de 2023, a principal conclusão foi que, apesar de muitas pessoas ainda terem medo de perder seu trabalho para a IA, havia uma grande expectativa de que essa tecnologia pudesse desafogar a rotina e aliviar a sobrecarga.

     E, pelos resultados de 2024, as expectativas foram alcançadas. Nesse ano, ficou claro que trabalhar em conjunto com a Inteligência artificial já é uma realidade para muitos.

     O uso de IA generativa quase dobrou nos últimos seis meses, e atualmente 75% dos pesquisados usam esse recurso em sua rotina. Dentre esses usuários, 46% começaram a usá-la no último semestre.

     As vantagens do uso de Inteligência artificial são inúmeras, mas as principais apontadas pelos usuários foram:

     90% dizem que a Inteligência Artificial economiza tempo;

     85% acham que se concentra melhor nas tarefas mais importantes;

     84% se sentem mais criativos usando IA.

    As empresas e a liderança estão acompanhando o fluxo?

     Enquanto os colaboradores estão animados, vendo a adoção de IA como uma ótima estratégia para otimização de tempo, foco no que importa e criatividade, nem sempre as empresas acompanham o movimento.

     O estudo apontou que, mesmo que 79% dos líderes entendam que a empresa precisa adotar IA para continuar competitiva, 59% deles ainda se preocupam em como medir os ganhos de produtividade com a adoção da Inteligência Artificial.

     Isso tem sido um problema: 60% dos líderes estão com medo de que suas empresas não tenham um plano para implementar a IA.

     Essa falta de proatividade dos líderes acaba criando uma realidade em que os colaboradores trazem a IA para sua rotina por conta própria, e muitas vezes sem compartilhar essa informação com sua gestão.

     Dentre os que usam IA, 78% estão trazendo as próprias ferramentas, e 52% delas não querem admitir o uso em tarefas importantes.

     No fim, o medo de perder o trabalho ainda existe: 53% dos usuários temem que usar a IA em tarefas importantes as tornará substituíveis.

     Outro dado que chama atenção é que o uso de IA por conta própria está acontecendo em todas as gerações: a geração Z está no topo do ranking, com 85% dos seus representantes utilizando a IA, mas é seguida de perto por 78% dos Millenials e 76% da Geração X.

     A maior surpresa fica nos Boomers: 73% dos funcionários acima de 58 anos também trouxeram a IA para seu dia a dia.

     Sobrecarga e esgotamento continuam em pauta

     Apesar de a IA já estar melhorando muito a sobrecarga de trabalho, o que fica claro na pesquisa é que o volume de trabalho está aumentando de uma forma que os funcionários não estão acompanhando.

     Como consequência, 46% dos entrevistados se sentem esgotadas, e 68% dizem que estão sempre lutando com o ritmo e volume de trabalho.

     Outro problema que seguiu sendo apontado no estudo é a quantidade exorbitante de e-mails e reuniões: 60% do tempo dos colaboradores estão sendo empregados em e-mails e reuniões, e só sobram 40% para os aplicativos de criação, como Word, PowerPoint e Excel.

     Impactos da Inteligência Artificial no mercado de trabalho

    Enquanto muitos voltam seus olhos para as funções que a IA vai substituir, outros tantos enxergam uma possibilidade de transição de carreira ou oportunidades de crescimento.

     E isso tem total fundamento. No momento, 55% dos líderes estão preocupados com a falta de talentos na área no próximo ano. As tendências de contratação mostram a importância de desenvolver a habilidade de trabalhar com Inteligência Artificial:

     66% dos líderes dizem que não contratariam alguém sem habilidades com IA.

     71% preferem contratar alguém com menos experiência, mas que saiba trabalhar com IA.

     Apesar disso, o estudo evidenciou que os líderes, muitas vezes, perdem a chance de capacitar seus próprios times:

     Só 39% dos usuários de IA receberam treinamentos em suas empresas.

     Nesse ano, apenas 25% das empresas planejaram treinamento em IA generativa.

     Mas a notícia boa que a pesquisa traz é que os colaboradores estão correndo atrás, e a maioria das pessoas já entendeu que saber utilizar IA generativa para desempenhar suas funções é imperativo para construir uma carreira:

     76% enxergam que habilidades em IA são necessárias para manterem a competitividade no mercado de trabalho.

     79% veem as habilidades em IA como maximizador das oportunidades de trabalho.

     69% dizem que a IA vai ajudar em suas promoções.

     No LinkedIn, a quantidade de pessoas que destacam habilidades com ChatGPT e Copilot em seus perfis aumentou 142 vezes.

     O futuro é híbrido

     O que podemos concluir com o Work Trend Index 2024, é que vão se destacar no futuro os profissionais e as empresas que entenderem que o sucesso está em usar a IA generativa como grande aliada para otimizar o tempo, melhorar a produtividade e liberar a criatividade.

     Ao comparar o resultado com o do ano passado, fica claro que a cada dia o mercado para de enxergar a IA como inimiga e começa a perceber seu potencial.

     Se, anos atrás, a visão era de um futuro utópico de guerra homem x máquina, agora finalmente parece que os olhos das lideranças estão vislumbrando dias em que humanos e IA evoluem e inovam juntos.

     Agora, o próximo passo é que os líderes entendam que, para suprir as necessidades de seu negócio, nem sempre é preciso procurar fora. Muitos profissionais que já estão em suas empresas, às vezes nem tão técnicos, podem ser capacitados para as novas funções e estão com muita vontade de dar esse passo na carreira.

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